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É marketing político, será?

8 de jul de 2024

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É bastante comum ouvirmos em discursos políticos defesas apaixonadas de sua gestão com base em vantagens competitivas em relação a um ou outro ente federativo, discurso largamente influenciado pelos ensinamentos de Michel Porter(1989) [1],  para a área de administração. O que muitas vezes escapa a esses agentes é que as suas práticas estão distantes do que propõe o autor e, inclusive, é lícito lembrar, que a sua predominância é devido ao grande volume de suas obras traduzidas para o português. Ainda assim, é válido citar e reconhecer a sua importância:

(...) em política uma década é uma eternidade. Em consequência, a maioria dos governos prefere políticas que proporcionem resultados de curto prazo facilmente perceptíveis, como subsídios, proteção e incentivos a fusões e incorporações – que são aquelas que retardam a inovação. Grande parte das medidas que de fato fariam a diferença são vagarosas e requerem muita paciência dos políticos ... (PORTER, 1989, p.198).

Obviamente, o que não se terá é a paciência com o longo prazo visto

que, ao ocupante do cargo, importa a sua manutenção. É fundamental lembrar ainda que, nem todos os gestores passam por formação acadêmica; no entanto, os que não passam, são orientados por técnicos e assessores que, em algum momento, foram influenciados por algumas dessas correntes epistemológicas.

Se temos as ferramentas advindas dos teóricos, nos falta a prática de aplicação que, por vezes, escapa aos responsáveis pelas propostas. Um outro ponto a ser destacado é a própria falta de lideranças políticas capazes de ampliar as fronteiras de aplicação de etapas de governos para àquelas que sejam estratégicas para as políticas de Estado. Essas constatações encontrarão ainda mais reflexões críticas se acrescentarmos as dicotomias já descritas em profundidade por Bobbio[2] (1986) no que tange ao que seja público e que seja privado. Não por outra razão, esses aspectos teóricos, bem como a evolução histórica dos termos público em oposição ao privado, ou mesmo institucional de governos, deverão ser objeto de aprofundamento nossas incursões exploratórias e profissionais na comunicação e no marketing.

        Para que se possa ter uma ideia dos objetivos gerais desse tema é necessário destacar os seus possíveis desdobramentos e o seu impacto no contexto social. Em especial, se considerarmos o advento das novas tecnologias de comunicação e também das alterações provocadas pelas mudanças dos marcos legais no campo constitucional a partir da promulgação da constituição de 1988 que definiu o norte para regulamentações acerca do uso desses recursos comunicacionais para a garantia de direitos.

           Nesta perspectiva, poder-se-á admitir que ainda que, com objetivos gerais, orientados para a investigação de prováveis usos indevidos da comunicação e do marketing para além do contexto já delimitado nos campos de produtos e serviços. Precisamos fazer emergir as propostas do resgate teórico, bem como, a visão exploratória prática dos conceitos, para que se possa revelar uma nova forma de se entender a aplicação dessas ferramentas sem se ter em mente apenas objetivos mercadológicos ou de consolidação de imagem de ocupantes do poder.  O caráter técnico e ético deverá sempre levar em conta que vivemos em sociedades complexas e, não cabe, nesses novos tempos, discursos e práticas unilaterais desassociadas dos interesses coletivos.

 


[1]  Esse autor possui obras importantes no segmento de gestão que podem ampliar o breve recorte que produzimos e, entre essas, utilizamos como referência: As Vantagens Competitivas das Nações ...

[2]  Os pontos destacados nas afirmativas quando se fez uso dos termos público e privado foram observadas as correntes que contemplam “o que é público com bens que pertencem ao povo entendido como povo, a sociedade mantida junta (BOBBIO,p.15)”. Ao  nosso ver, os recursos  das arrecadações  de tributos pertencem a toda a sociedade e abrir mão dessas em favor do interesse privado pode  significar uma mistura direta de interesses privados com os públicos. A possibilidade de controle social das etapas é inviável na prática pelo menos por enquanto.



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