Impactos imprevisíveis no uso da inteligência artificial
jul 23
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O lançamento de uma agência virtual de modelos surpreendeu o mercado publicitário e a comunicação mercadológica que, provavelmente, será afetada de forma direta se a utilização em grande escala for consolidada.
Na verdade, não só a área comunicacional e de marketing será impactada, mas, toda a cadeia de negócios desses segmentos.
A criação desenvolvida pelo programador dinamarquês Danny Postma, denominada Deep Agency, desenvolve personagens para campanhas publicitárias por meio de inteligência artificial, seguindo o estilo DALL-E e Midjourney. O resultado é realmente surpreendente e até assustador.
Essas inovações, geram muitos debates de natureza ética, institucional, aspectos legais, prejuízos ou vantagens para os profissionais da área e tantos outros temas correlatos.
Pode-se fazer muitos questionamentos. No entanto, já é patente que o caminho é sem volta. Não haverá mais nenhuma dessas atividades que sairão ilesas dessas novas formas de trabalho. É bastante provável que, no futuro, muitos perderão seus espaços para essas “criaturas” digitais.
Dentre tantos desafios que surgirão, podemos propor questionamentos: se a tal inteligência artificial precisa ser abastecida com exemplos, ou seja, imagens reais para gerar a nova imagem, o resultado dessa mistura, realmente, é isento de direitos autorais ou de imagens? E, se o personagem que surgir, for muito parecido ou similar a alguma pessoa existente, ou, até mesmo, com algum astro já consagrado de algum setor? E os desenvolvedores que forem plagiados, como irão garantir seus direitos e, se pessoas forem muito prejudicadas com uso indevido de uma imagem idêntica a sua? por enquanto, muitas perguntas sem respostas.
Qualquer juízo de valor que se quiser fazer, nesse pequeno recorte de cenário que propomos, será muito impreciso. Não há mecanismos legais que, por enquanto, darão conta de tantas pontas soltas. Já tivemos um exemplo recente, em que o Escritório de Direitos Autorais dos Estados Unidos (USCO), decidiu que imagens geradas por inteligência artificial não podem ser protegidas por direitos autorais...e agora?. Nessa perspectiva, poder-se-ia concluir que: o caos será inevitável e mudará para sempre as relações entre empresas e pessoas do setor? talvez. É cedo para determinar quais são as proporções do fenômeno. O que se poderia inferir nesse momento, é que cenários tecnológicos anteriores, não servem para ajudar a compreender essa atual escalada tecnológica das inteligências artificiais e dos algoritmos em diversas frentes; não só no mercado publicitário ou de marketing, mas, em tantas outras áreas do conhecimento humano.
Se olharmos a evolução da fotografia e toda a sua cadeia produtiva, por exemplo, que ficou cem anos tranquila, sem grandes saltos tecnológicos, até ser impactada pelo surgimento e consolidação das imagens digitais. Atualmente, uma ferramenta nova surge em saltos tecnológicos cada vez mais curtos, até, em alguns meses. Por essa razão, experiências anteriores, ao meu ver, não nos ajudarão a nos prepararmos, como sociedade, para essas novas formas de atuação. Todos os esforços terão que se concentrar em preparar, por meio da educação formal, cada vez melhor as pessoas para que consigam trilhar os caminhos inovadores e, assim, conseguirem descobrir novas expertises para a sobrevivência profissional.
Pela oportunidade, a partir de nossa atuação na área de comunicação e marketing, vamos propor algumas reflexões, ainda que bastante preliminares para contribuir com o surgimento de insights que possam ser úteis para quem é profissional ou não e, dessa forma, tentar ajudar a se preparar para essa inexorável realidade.