
Comunicação pública como insumo básico para estimular a vacinação
18 de jun de 2024
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As campanhas de vacinação no Brasil, sempre foram exemplo para o mundo. Não se sabe ao certo por qual razão está ocorrendo ou o que ocorreu para que as pessoas começassem a desconfiar e a se desinteressar pelas vacinas.
Será que a comunicação pública está falhando? Será que é o movimento antivacina? Será que é o descompasso entre as autoridades políticas e sanitárias? Será que as ideias negacionistas estão se consolidando? Ou, simplesmente, estão valorizando mais os interesses políticos e econômicos do que a vida das pessoas? Mas, do que estamos falando afinal?...em um mundo repleto de formas modernas de comunicação por que muitos não estão acreditando mais até em métodos já consagrados de vacinação? Talvez, até a multiplicidade de ofertas de informações contribuam para disseminar a desinformação, especialmente, as odiosas fake news.
São muitos questionamentos e, para boa parte dessas perguntas, não encontraremos respostas, pelo menos a curto prazo. Mesmo assim, é necessário tratar desse assunto, ainda que com riscos de se cometer equívocos interpretativos. O silencio, nesse caso, só piora o cenário.
No campo comunicacional, temos muitas oportunidades de contribuir para o debate sobre esse tema; em especial, se observarmos a comunicação como um insumo básico no enfrentamento dessas questões no contexto social.
Já tivemos campanhas exitosas no passado como a conhecida do Zé Gotinha, um bom exemplo de sucesso no uso persuasivo criativo para convencer as pessoas a se vacinarem. Tenho dúvidas se a reedição adotada recentemente terá o mesmo êxito visto que, os tempos históricos são outros, e, também, as formas massivas e até dirigidas de se comunicar foram violentamente modificados pelas novas tecnologias digitais.
O mais oportuno, ao meu ver, seria voltar ao formato de segmentação da comunicação. Uma adaptação da linguagem para cada grupo específico iniciando na escola com pais e alunos consolidando as iniciativas por meio de grupos de redes sociais entre outros. Por óbvio, a iniciativa deveria vir de forma integrada com os conteúdos paradidáticos utilizado nas salas de aula. As interações seriam muito úteis para disseminar as informações que dizem respeito ao entendimento científico das vacinas.
Nos veículos de massa, poder-se-ia utilizar os antigos testemunhais com vozes de autoridades médicas e pesquisadores. No entanto, não apenas emissores com toque de autoridade e receptores passivos, mas com adaptações de formatos para produções inovadoras para atingir de maneira impactante as famílias persuadindo-as a participar do processo. Entretanto, seria fundamental, antes de qualquer iniciativa, quando possível, se ampliar o entendimento sobre quem está em dúvida a respeito das vacinas e, isso, se daria, por meio de pesquisas em fontes primárias para ampliar o conhecimento sobre os cidadãos.
No ano de 2023, segundo o ministério da saúde, até a campanha de vacinação contra a gripe, já muito conhecida e bem sucedida, regrediu para menos da metade do público-alvo almejado obrigando o governo federal a antecipar as etapas nas faixas etárias abrindo para todos os públicos. Essa constatação, deixa muito claro que as formas utilizadas de comunicação massiva não estão adequadas e a disseminação de fake news e grupos de resistência às vacinas, infelizmente, por enquanto, estão vencendo essa batalha, mas, a guerra contra a negação das vacinas precisa continuar em todas as frentes possíveis, principalmente, nas etapas comunicacionais.
Numa outra perspectiva, e, até mais assustadora, é de que a vacinação contra a poliomielite, infelizmente, obteve baixa adesão também. E, é oportuno lembrar, que a doença foi erradicada há muito tempo graças às vacinas. Chegamos então à uma encruzilhada.
Se as vacinas são produtos eficazes gerados pela evolução da ciência e ajudam a salvar vidas, evitar doenças graves e melhorar o convívio em sociedade... o que fazer para reduzir os ruídos provocadores de resistências?
Talvez seja tempo de criar novos mecanismos de observação e mudar os modelos comunicacionais com foco em tradicionais interpretações de teorias das massas. Vale a pena refletir e ampliar essas perspectivas...
