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Comunicação como garantia de direitos

2 de set de 2024

3 min de leitura

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Em tempos de excesso de informação proporcionado por grande circulação de material comunicacional, não significa que esteja havendo sucesso nos processos comunicacionais entre os atores sociais.

Muito pelo contrário, com a chegada das novas ferramentas de comunicação, as pessoas estão ficando quase sem acesso aos originais ou até mesmo reféns de ondas criadas em repetições temáticas que não se tem noção da origem.

Um exemplo muito claro é a redução na adesão às campanhas de vacinação provocado por desinformação generalizada e também por um viés ideológico disseminado por políticos sem escrúpulos. Com um volume tão grande de material produzido sobre o assunto, sobra fake news e falta entendimento das mensagens.

O acesso à comunicação pública é um direito constitucional conquistado pela população brasileira desde 1988. No entanto, o que se assiste é um “show de horrores” quando o se deveria informar adequadamente a população.

Mas o que seria então essa tal de comunicação pública?

Para efeito referencial vamos citar uma definição do Livro O Estado de Narciso, trazida por Eugênio Bucci, emérito professor e grande conhecedor da matéria, quando ele destaca a contribuição de Jaramilo Lopez para conceituar o que seja comunicação pública e, mesmo com muitas ressalvas lembradas pelo autor,  já serve pelo menos como uma tentativa  inicial. Seria então:

Um conjunto de temas, definições, fatos metodologias referentes à forma como os sujeitos lutam por intervir na vida coletiva e na evolução dos processos políticos proveniente da convivência com “o outro” por participar da esfera pública, concebida como o lugar de convergência das distintas vozes presentes na sociedade.

Neste contexto, certamente, as campanhas de vacinação se enquadrariam no que se poderia chamar de comunicação pública visto que claramente o interesse coletivo está contido no seu objeto.

O nosso PNI (plano nacional de imunizações), sempre foi um exemplo mundial de sucesso desde o seu início em 1973. Entretanto, vivemos tempos estranhos em que muitas famílias estão deixando de vacinar seus membros, principalmente, as crianças com medo de efeitos colaterais que, comprovadamente, não existem.

Então como garantir direitos nesse universo repleto de malfeitores principalmente nas redes sociais.

Primeiramente, é necessário manter o curso e volume nas estratégias comunicacionais. Não se pode parar de repetir, visto que claramente, a repetição dos benefícios em massa pode gerar mais comentários positivos. As estratégias precisam ser estruturadas seguindo critérios específicos para cada meio existente.

Sabe-se que para ocorrer comunicação é necessário que haja reação dos receptores. Não existe comunicação pública, sem adesão do público. Isso parece óbvio, mas, por que então o que se assiste é o triunfo da desinformação.

Talvez, devido a própria dificuldade em definir adequadamente a comunicação pública contribua ainda mais para essa desarticulação.

Voltemos então ao que propõe Bucci, citando, Jaramilo Lopez; que amplia o conceito de comunicação pública para:

(...)o que se dá na esfera pública, seja para construir bens públicos (política), para incidir na agenda pública(midiática), para fazer a comunicação pública das entidades do Estado com a sociedade(estatal), para construir sentido compartilhado ao interior da organização(organizacional), ou como resultado das interações próprias dos movimentos sociais(da vida social).

Sendo assim, já nos parece lícito afirmar que para que se obtenha algum sucesso nessas iniciativas comunicacionais de interesse público, para além das grandes campanhas publicitárias, é necessário estimular a construção de conteúdo compartilhável e que seja gerado nos próprios grupos sociais. Esse trabalho de geração de conteúdo precisa ser mediado por uma dinâmica com foco no interesse de política de Estado e não nos interesses políticos partidários. Essas proposições precisam tratar a comunicação pública como insumo básico nas ações governamentais principalmente nas formas de prevenção de saúde como é o caso das campanhas de vacinação.

Nessa perspectiva, os resultados coletivos falarão por si e o interesse político também acabará sendo atendido posto que o reconhecimento provocado pelas conquistas de longo prazo, beneficiarão as correntes políticas que os implementaram e ajudarão a se consolidar institucionalmente na sociedade seus agentes envolvidos.

A velocidade e a quantidade de conteúdos proporcionados pelos novos meios digitais e que circulam de forma descontrolada torna os cidadãos receptores cada vez mais reféns de interesses nem sempre confessáveis. Quem detém poder de comando precisa contribuir para reduzir essas distâncias e garantir direitos coletivos fundamentais.

Para finalizar penso que se recursos públicos são destinados para campanhas de comunicação de interesse coletivo, como vacinação, combate à dengue, uso consciente da água entre tantos outros,  já se configura e complementa os conceitos propostos do que se poderia chamar de comunicação pública.



2 de set de 2024

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